19.2.16

A ESCOLA DOS VICE-DEUS

A ESCOLA DOS VICE-DEUS
Eles estão por todos os lados! Às vezes ‘generosos’, às vezes ‘bonzinhos’, às vezes ‘simpáticos’ ou às vezes nem tanto. Passam longo tempo dedicando-se a outros e boa parte de sua formação estudando muito. Alguns até vão ao exterior para fazer seu curso e suas especializações. Outros veem do exterior para trabalhar aqui conforme tivemos aquele projeto onde foi importado ‘levas’ e mais ‘levas’ deles via ministério da saúde. São pessoas dedicadas que brotam no meio da comunidade onde vivem, mas quando descobrem que tem tal vocação, saem de seus redutos e, juntamente com a família, pagam alto preço para estudarem e obterem a formação desejada.
Feito todo esse esforço, saem para pleitear uma vaga em alguma escola renomada, estadual, federal, particular, reconhecida, ou que dê condições a eles de alcançarem a conquista, muito bem disputada (uma vaga a cada mil candidatos ou mais), de realizarem o sonho de poder ser útil aos humanos, mortais. São verdadeiros heróis que venceram uma vez quando da primeira corrida que tiveram para chegarem ao encontro do óvulo que os esperava no útero, e assim tornaram-se como um de nós. Mas suas aspirações foram muito elevadas e eles se propuseram a ajudar os outros de maneira diferente. Isso é muito bom, pois a humanidade precisa de pessoas com tais aspirações; todavia, ao entraram para a escola onde iriam realizar seus cursos, dado o alto preço pago já na entrada, deu a esses candidatos um sentimento superior. É um curso muito disputado com poucas vagas, favorecendo para que aqueles que conseguem entrar tenham o sentimento um pouco de superioridade mesmo, afinal, com tanta concorrência, só alguns poucos conseguem.
Mas o que se questiona aqui é o porquê alguns que já se formaram, se sentem tão superiores aos demais mortais. Talvez seja a escola por onde passaram!?! Talvez sejam seus mestres que com altivez lhes ensinou usar um bisturi!?! Talvez sejam os livros onde fazem suas pesquisas detalhando minúcias do seu conhecimento!?! Não se sabe, mas o que se sabe mesmo é que há um sentimento horrível de superioridade de tal maneira que eles quase não podem ficar entre os mortais, tamanha grandeza; Se ficarem, poderão contaminar-se, dizem. São absolutamente intocáveis, estão extraordinariamente distantes e isolados num mundo perfeitamente feito para eles; Ganham o que bem acham (não há nenhum problema nisso); só trabalham em ambientes devidamente equipados e com condições adequadas; quando algum mortal precisa deles, tem que marcar hora, dia e local com o devido tempo prévio, nem que seja caso de vida ou morte (tem lugar daqui a 90 dias para a consulta, respondem suas secretárias); Tem aquele que já galgou certo grau na tabela deles e já chegou à posição de vice-deus que diz assim aos familiares de algum moribundo: ‘leva para morrer em casa’, como se ele fosse o dono da vida e determinasse o quanto o outro pode viver. Que petulância!!! Tem alguns que determinam até quantos dias, horas, ou tempo, o enfermo tem de vida. É nauseante tamanha arrogância!
Levei uma bronca de um vice-deus desses quando estava no corredor de um hospital e fiz uma pergunta a respeito de uma situação que me era pertinente. ‘SÓ POSSO FALAR SOBRE ISSO DENTRO DO MEU CONSULTÓRIO’! Fez-me lembrar da época da inquisição e do confessionário: os ditadores impunham as condições e quem dependesse, se submetia. É só isso! Mas não restou de tudo o que temos visto, senão a certeza de quem passa pela escola que leva essa graduação do sapato branco, já é um forte candidato a vice-deus. Um pai, esses dias confessou: ‘Já falei para aquela pessoa (alguém da família que graduou nessa área) que pare com essa arrogância.’ Depois ele disse: ‘acho que é a escola que ensina ficar prepotente assim, porque na família ninguém tem esse sentimento’.
QUE COISA! Uma escola que forma vice-deuses! Será que isso poderia mudar algum dia?
De alguém que não tem nenhuma preocupação com os candidatos a vice-deus, mas com esse sentimento de superioridade, prepotência ou grandeza sobre os demais mortais, e que sabe qual é o fim disso.

                                                               Isac Pereira

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