Voltando
de uma reunião de liderança onde foram discutidos vários assuntos pertinentes,
veio a preocupação com a Escola Bíblica que algumas Igrejas ainda conservam.
Colegas vieram abordar como fazer para insuflar um ânimo novo e refazer aquela
escola que sobreviveu ao longo desses mais de 230 anos, criação de Robert
Raikes, quando na Inglaterra começou a partir de uma necessidade local e muito
personalizada. Raikes sentiu que precisava assistir algumas crianças pobres que
trabalhavam a semana toda e aos domingos ficavam nas ruas sem ter o que fazer. Não
imaginava a repercussão daquela preocupação aparentemente simples. Ainda em
nossos dias alguns lideres vem sofrendo com a decadente frequência com que as
escolas bíblicas estão enfrentando.
Não
somente a Escola Bíblica passa por esse momento, mas também a escola secular. Entender essa transição fazendo uma leitura
do novo caminho que esse modelo percorre deve ser a reflexão dos líderes,
professores, diretores, pastores e pessoas ligadas à educação. De certa forma
as mudanças estão transcorrendo e quer queiramos ou não, aquele modelo antigo
das salas de aula, a fila (chamada burra) das carteiras, uma pessoa falando,
falando à frente do grupo, a velha e antiga lousa já tem seus dias contados.
Com o advento da tecnologia, onde as pessoas carregam as informações dentro do
bolso por onde vão, precisamos ficar cientes que a mudança já está acontecendo.
É tão real a mudança que até a terminologia usada é outra. Para aqueles que
ficaram no modelo antigo é bom que fique claro que, para essa nova realidade
não tem protesto: é entrar ou sentir-se excluído sem direito a reclamações.
A Pedagoga. Há aproximadamente uns 18
anos atrás uma pedagoga de nossa igreja foi fazer um curso para a nova dinâmica
pedagógica que vislumbrava. Quando voltou, disse: “A lousa é eletrônica, cada
aluno tem um tablete e se comunica com a professora através da tela do mesmo”.
As dúvidas eram tiradas por comunicação virtual e tanto os alunos como os
professores ficavam de plantão para quaisquer esclarecimentos. De casa mesmo
entravam em contato via internet senha-colégio-aluno-professor, a qualquer hora
em que estivessem estudando. Uma revolução!
Olhando
a história, notamos que as mudanças no passado levavam em torno de 100 anos;
foram diminuindo, passando para 50, 10, 5 anos e agora elas antecipam os
acontecimentos; os estudiosos chamam isso de ‘tendências’. Quais serão as
tendências daqui a tantos anos!?! Elas são previsíveis? Logo, as tendências
para a moda, para a saúde, para a educação, para a comunicação e para todos
outros aspectos são previsíveis.
Gostaria
de provocar nessa reflexão célere uma discussão sobre essa escola do futuro e levantar
quais tendências assediam a escola chamada bíblica, a comunicação dentro da
igreja, o comportamento do nosso povo para um período de aproximadamente uma ou
duas décadas no máximo, baseando-nos nas mudanças tecnológicas ocorridas e nas
tendências advindas dessas mudanças.
Escola Pós Moderna
A era
pós-moderna tem a sua marca própria e é chamada de ‘Era do Vazio’. O que mais
tem marcado esse tempo é o compromisso com o nada. Parece que nos
familiarizamos com as mudanças tão constantes que nosso senso já não separa
mais o que é bom e que é ótimo. As mudanças ocorrem com tanta facilidade e
rapidez que os habitantes da pós-modernidade não discernem mais se o rio está
subindo ou descendo, ou para eles, tanto faz. As questões do gênero viraram
questões genéricas; tanto faz ser homem como mulher: ‘é só uma questão de
escolha’, dizem. Já não percebemos que tanta informação que chega até nós, nada
informa.
Armazenamento nas nuvens.
Ao longo das
eras, há um tempo não muito distante, as universidades eram avaliadas por suas
bibliotecas e pelo volume de livros nelas contido. O primeiro lugar que
auditores do MEC (Ministério da Educação e Cultura) observavam numa
universidade era sua biblioteca. Sabiam que a vitalidade universitária e o
conhecimento estavam armazenados naquele lugar tão importante. O conhecimento
estava à disposição dos acadêmicos, todavia, só podiam acessar aquele local e
volumes com a devida e prévia autorização.
Com o advento da
tecnologia, o conhecimento saiu de dentro das bibliotecas e está acessível a
todos, em todo tempo, em todos os lugares, sobre todos os assuntos. Isso
acontece dentro dessa nova realidade que diretores, professores e alunos da
Escola do Futuro já estão enfrentando. Essa Escola armazena suas informações e
conhecimentos nas nuvens. Tudo está lá; é só acessar; um clique e o assunto
pesquisado aparece diante dos olhos. Um chip do tamanho de um grão de arroz
armazena mais informação que muitas bibliotecas juntas.
‘As nuvens’
tornaram-se a biblioteca mais consultada da história da humanidade, fazendo com
que todas as pessoas busquem ali a informação que quiserem. Nelas estão
depositados a água limpa e também os resíduos contaminados pelos poluentes
químicos e heréticos que os homens tem lançado lá.
Escola Onipresente
Outra
característica dessa Escola do Futuro é o sentimento onipresente que a mesma
carrega. Não há como fugir; onde a pessoa for, conseguirá acessar a aula,
professor, matéria, rever assuntos já discutidos, deixar suas impressões sobre
tal, e por fim, dar um sinal se concorda ou não. Esse é outro aspecto
irreversível nessa Escola.
A
marca ‘online’ é o logo dessa nova Escola. Quem não usar esse uniforme, não
entra! É necessário também ter algum conhecimento de informática (algum
conhecimento é algum curso mais avançado) senão é chamado nessa Escola de
analfabeto funcional.
Os
alunos que fazem parte dessa Escola sabem que antes de nascer já estão sendo
‘monitorados’ e suas vidas estão dentro de um HD. Não tem como escapar dessa
realidade; A babá que cuida desses alunos chama-se ‘eletrônica’; O berço é
embalado por sensores; aniversário do primeiro ano? Tablet ou iphone de ultima
geração para, logo, logo ensinar os pais a usar os recursos existentes.
Os
aplicativos usados pelos alunos da nova escola são instrumentos que dizem onde
estão, o que fazem, como fazem; além de monitorar, gravam tudo e pasmem, não
tem como apagar; o que a pessoa faz, o site que entra, o que a pessoa fala,
tudo fica registrado no onisciente dessa nova Escola. Apaga-se do histórico, mas
não do registro nas nuvens.
Escola Multiforme
Existe
outro aspecto que deve ficar saliente na realidade dessa nova Escola: é a
diversidade das formas que é oferecido aos alunos com o fim de que se mantenham
informados. As informações chegam pelas ‘redes sociais’, pelos canais um pouco
mais privativos (e-mails), chegam via comunicação individual (telefone com
imagem), e até por torpedo. Não nos esqueçamos que todos esses meios são
rastreados e tudo fica gravado; mas essa preocupação faz parte da variedade de
opções oferecidas pela nova Escola.
É
uma escola versátil com múltiplas possibilidades, fazendo com que todos os que
com ela estão envolvidos, tenham opções que lhes garantam ter de diversas
maneiras tudo o que precisam. É realmente uma escola para cada gosto! O aluno
faz a opção, escolhe o que quer estudar, e já nos primeiros anos elimina as
matérias que não ‘faz o seu gênero’. Até o Ministério da Educação já está
enxergando a necessidade de mudança no sistema para atender as demandas da nova
escola.
Escola dos Conectados
Esses
dias uma bisavó de 93 anos disse: ‘a gente olha para as pessoas e só vê gente
ciscando’, referindo-se àqueles que não deixam o seu smartphone nem quando
estão dormindo. É a geração dos conectados, daqueles que não desconectam para
nada, levando alguns terapeutas a montar clínicas de recuperação para viciados
em conexão, como já existem várias no Brasil. A Escola do Futuro também vai
trabalhar tempo, horário e vai ensinar os alunos não se tornarem escravos da
tecnologia. Vamos esperar pra ver.
Conclusão:- Para onde
iremos nós se só Jesus tem palavras de vida eterna? Com um perfil tão
indefinido, característica bipolar, informações esquizofrenizadas e um mundo de
descobertas quase sem nada descobrir, essa é a Nova Escola. Tão cheia de
detalhes para fazer jus à sua profundidade no vazio. Que tal darmos uma aula de
escola bíblica e os membros da igreja ficarem assistindo em casa pelo facebook,
instagram ou vídeo conferência?
Meus
queridos diretores: talvez tenhamos que rever nossos conceitos!!!
Isac
Pereira