18.9.13

O Chamado e a Mensagem dos Profetas

O Chamado e a Mensagem dos Profetas

“Agora, pois, perdoa o seu pecado, se não risca-me, peço-te, do teu livro, que tens escrito”,
Ex. 2:32.
   
Vamos ver um pouco mais sobre o oficio profético. Enquanto o sacerdote limitava suas funções ao culto, o profeta era mais envolvido com o povo, como um pregador a quem Deus revelava a sua vontade e o incumbia de proclamá-la. E isso não era uma tarefa simples nem fácil.
Alguns textos que nos ajudarão a compreender a função desses homens, analisando como viviam, com quem se relacionavam e como o povo recebia a mensagem profética.

I - O profeta, um homem de Deus

A profecia do antigo Testamento recebeu sua forma normativa na vida e na pessoa de Moisés, que passou a construir padrão de comparação para todos os profetas futuros, Dt. 18:15-19. Cada característica do verdadeiro profeta pode ser encontrada em Moisés. Ele não se apresentava como profeta, mas tinha o timbre característico do oficio. Recebera uma chamada especifica e pessoal da parte de Deus. Com isso concluímos:

          A) A chamada é de Deus. O verdadeiro profeta não arroga para si o oficio, Jr. 14:14 e 23 :21. A iniciativa da chamada depende unicamente de Deus, Ex. 3:1; Is 6:1-8 e Os. 1:2.

          B) A presença é de Deus.  Tamanha era a responsabilidade do profeta que não poderia transmitir nenhuma mensagem sem a presença de Deus em sua vida. Moisés chegou a dizer a Deus que, sem a companhia d’Ele não sairia de onde estava; Ex.33:14,15. A presença de Deus é vital para a manutenção do oficio ou do dom profético.

          C) A inspiração é de Deus. Como é que o profeta recebia a mensagem que deveria transmitir aos seus semelhantes? Deus falava com o profeta, revelando a ele a  sua vontade; fazia o profeta sentir oque desejava que fosse comunicado ao povo, Is. 6:9. Por varias vezes aparece a expressão: “veio a palavra do Senhor...’, Jr. 1:2,11,13. Isso se chama inspiração II Pe 1:21.

                                                           II – O profeta e seu povo

          A) Um povo longe de Deus. Infelizmente, nem sempre a vida do povo tinha o mesmo nível espiritual do profeta. Estava sempre abaixo do desejado. Viviam á mercê do descuido, da falta de zelo espiritual e envolvido em toda espécie de procedimentos abomináveis. Praticavam os mais variados pecados e não sentiam a vontade de Deus em suas vidas Is. 1:3-9.

          B) “Ouviam e não entendiam”. Talvez a maior dificuldade do profeta fosse exatamente essa: conviver com o chamado “povo de Deus” e não poder levar as pessoas a aceitar a revelação da vontade de Deus por causa da teimosia, da obstinação, Is 6:9-11. Era um monoteísmo, porém, sem Deus, tinha religião, mas não o Senhor da religião.

          C) Uma vida sem ética. Seus procedimentos estavam baseados nos prazeres do momento. Rejeitavam a vóz profética. Havia um abandono completo da prática do religioso; Ez.6. Haviam perdido os princípios ensinados pela lei e deixado de lado a ética, Ez . 11:6 e Is . 24;20; viviam pra si, Ez. 43:10, egoisticamente.
          Era nesse meio que os profetas deveriam implantar um novo padrão  e desenvolver  sua vocação, Ez.43:10.
                                               III - O profeta e sua mensagem

O profeta precisava pregar não só com palavras, mas por que vezes também com atos. Viver o que pregava e pregar o que vivia era o que dava autoridade á sua palavra. Era próprio do profeta ter uma vida condizente com a mensagem. Vejamos alguns exemplos:

          A) O profeta Isaias andou três anos despido e descalço, 20:3. Não era nudez completa, é claro; Ele tirou sua capa, que era um traje honroso, e passou a usar apenas a túnica. Deus queria fazer uso daquela experiência para ser por sinal e prodígio na vida de outros povos, como os egípcios e etíopes, por exemplo. E, se Isaias não aceitasse viver daquele modo, estaria obedecendo a Deus? O profeta precisava estar à disposição de Deus para ser usado, para aplicar a mensagem ou demonstrar cada ensino conforme a vontade do Senhor.

          B) O profeta Jeremias também viveu algumas experiências semelhantes. Certa vez mandou que comprasse uma botija e a levasse consigo; e que conduzisse alguns anciãos até um vale onde ele iria falar com o profeta. 19:1-2. Esse ofício era para Jeremias sua vida. E para se fazer entender, pregava com a vida e com atos.

          C) O profeta Ezequiel, 12:1-5, experimentou com a própria vida a dura realidade do oficio profético. Teve que profetizar esforçando-se para levar o povo a enxergar o que Deus queria dizer: isso não foi fácil. Denunciou os erros e apresentou as conseqüências, mas também deu exemplo com a própria vida, mostrando o que Deus faria com o povo.

                                                           APLICAÇÃO
          Os profetas mantinham um relacionamento sadio com Deus e não se distanciavam dos problemas da nação. Eles viviam para o oficio e, ao mesmo tempo, sentiam a situação em que o povo achava. Mesmo que o povo não estivesse bem, o profeta deveria estar. O profeta pregava a verdade, objetivando mudança de vida, mas cabia a cada um a decisão de aceitar a vontade de Deus. A bíblia é a revelação completa de Deus e os cristãos devem ser a voz profética de Deus na terra para anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz, I Pe. 2:9.


O livro de Daniel

O profeta Daniel

     Daniel 6:1-5

“Então os príncipes e os presidentes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; por que ele era fiel e não  se achava nele nenhum vicio ou culpa”,  Dan.6:4


O profeta Daniel e seu livro é o tema que vamos analisar; seu caráter de Daniel e seu comportamento como profeta de Deus numa terra estranha, suas revelações profundas acerca do presente, passado e futuro da nação que juntamente com ele estava cativa.

I - QUEM ERA O PROFETA
Daniel foi um jovem que possuía um coração voltado para as coisas de Deus e o conhecia pessoalmente, por experiência própria. Aprendeu que Deus revela os mistérios, cuida do seu povo e exerce seu poder extraordinário em qualquer nação, mesmo fora de Jerusalém. Daniel aprendeu que Deus livra dos inimigos, fecha a boca dos leões e, em qualquer situação, Ele está presente.

O que sabemos sobre a vida de Daniel é só o que está registrado no seu livro. Recebeu de Deus inteligência e conhecimento em toda cultura e sabedoria , 1:17. Antes era um cativo comum mas, por ser de linhagem nobre, foi escolhido, por ordem do rei para prestar serviços no palácio, 1:4 e 6. Daniel destaca-se pela sua sabedoria, 1:17 e especialmente ao interpretar o sonho do rei Nabucodonosor, 2:48. Com ele estavam Hananias, Misael e Azarias.

A vida e ministério do profeta Daniel transcorreram em meio a grande transformações sociais, religiosas e políticas. Daniel foi levado para a Babilônia com o primeiro grupo de cativos, por ocasião da primeira tentativa de Nabucodonosor de tomar Jerusalém, em 597 a. C.

II - SUAS QUALIDADES
O Profeta Daniel tinha um procedimento integro que realçava seu caráter como servo de Deus, demonstrado em seu relacionamento tanto com os colegas judeus como com os babilônios. Vejamos:

a) bom relacionamento: “... Nele havia um espírito excelente...”, 6:3. Daniel se distinguiu dos demais príncipes e presidentes por causa desse espírito de sabedoria. Daniel fora capaz de interpretar sonhos, explicar enigmas resolver duvidas, 5:12. Chegava ao ponto de as pessoas dizerem que Daniel tinha “o espírito dos deuses”, 5:14.

b) Boa moral: “...não podiam achar ocasião ou culpa alguma...” 6:4. Daniel era inculpável, ou seja: não deixava sequer um resquício de motivo para acusarem por mau comportamento . "Os príncipes e presidentes procuravam ocasião contra Daniel a respeito do reino, mas não podiam achar...”.Usaram então a religião de Daniel e sua fé para o condenar por rebeldia segundo as leis dos medos e dos persas, 6:5,15. Foi nessa situação que Daniel experimentou o grande livramento diante dos leões vorazes, 6:22.

c) Bom comportamento: “...e não se achava nele nenhum vicio...”; 6:4. Não sabemos quais vícios eram comuns na Babilônia, mas Daniel não se deixou escravizar. Não ter nenhum vicio fazia parte  da sua característica.

Só a glória de Deus seria capaz de produzir uma mudança completa de vida. Há muitos que não conseguem mudar de vida porque não tiveram uma experiência com a glória de Deus e nem sabem para que ela existe.

III – SEU LIVRO

Como o livro de Esdras, Daniel foi escrito parte em hebraico, 1:1-2; 4; 8:1-12; 13, e parte em aramaico, 2:4b-7. É um livro de profundas revelações, algumas sobre o reino babilônico e outras sobre Israel.

            O livro de Daniel precisa ser estudado com muito interesse e atenção, pois as visões nele apresentadas são por demais escatológicas e espirituais. Ao analisar o livro, chegamos à conclusão de que o seu escritor tinha profunda comunhão com Deus e o Pai lhe revelara seus propósitos.

III - ASPECTOS DOUTRINÁRIOS

Os aspectos doutrinários no livro de Daniel são apresentados em forma de profecia simbológica, ora referindo-se ao povo de Israel no cativeiro, ora referindo-se à queda dos reinos dominantes. Vejamos como são apresentados.

a) A visão da grande árvore, cap. 4. Essa visão foi dada a Nabucodonozor e interpretada pelo profeta Daniel. Dizia respeito ao reino de Nabucodonozor e à queda do próprio rei. A glória e o domínio babilônico se estendem por uma vasta região. Agora havia caído e a profecia se cumpriu quando Nabucodonozor ficou sete anos como animal, andando, comendo e vivendo no meio dos animais.

b) O mistério do banquete de Belsazar, cap. 5. Numa festa que Belsazar fez a mil dos seus grandes, usou os vasos que havia trazido de Jerusalém para praticar suas ações abomináveis. Naquela noite, aparece u’a mão escrevendo na parede uma frase desconhecida que deixa o rei aterrorizado. Belsazar queria saber o significado daquelas palavras. Daniel dá a interpretação como Deus lhe revelara. Era uma sentença de condenação e morte. “...pesado foste na balança e foste achado em falta”. Cada visão traz uma mensagem que propõe mudança de vida. Tivessem os reis e os homens da nação um pouco de sensibilidade, mudando seus hábitos pecaminosos, e as advertências não se cumpririam.

c) A visão de um carneiro e um bode, cap. 8. Fala da queda de dois reinos fortíssimos: os da Média e Pérsia. Aparece também neste capítulo uma referencia claríssima ao anticristo, 8:23-25.

d) As setenta semanas, cap. 9:25-27. Novamente refere-se ao fim dos tempos e também faz outra referencia ao assolador, 9:27. Faz alusão ao arrebatamento da Igreja, à grande tribulação e às bodas do Cordeiro.

APLICAÇÃO: - O livro de Daniel é repleto de mistérios que o próprio Deus revelou e se encarregou de dar as interpretações. Daniel não parece em nada temeroso e nem preocupado com tão grandes revelações proféticas, mas vive uma vida de oração para que sua comunhão não seja quebrada. Mostrava profunda confiança em Deus. Que a vida de Daniel imprima em nós o desejo de vivermos na mesma comunhão!