“Paulo, servo de
Jesus Cristo, chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus”. Rm. 1:1
Desde
os tempos mais antigos, até à revolta de 70 d.C., o hebreus tinham tido muitos
escravos (Gn. 24; 29:15, 18). Um hebreu era vendido à força como escravo por
ordem jurídica, se não pudesse ressarcir o valor de bens que furtara (Ex.
22:2), ou vendia a si mesmo por causa da sua pobreza (II Rs. 4:1). Em ambos os
casos, a escravidão normalmente era limitada a 6 anos (Ex. 21:5-6). Os escravos
desempenhavam um papel integral na vida religiosa (Ex. 12:44). A característica
do ‘ebed, ‘servo’, ‘escravo’ no Antigo
Testamento, é que ele pertence a outrem.
Nos
tempos bíblicos do Novo Testamento o termo ‘servo’ foi apreciado por pessoas
eruditas, poliglotas, com instrução e conhecimento elevados, que entendiam as
terminologias e sabiam da profundidade das mesmas, conheciam a origem dos
termos e exploraram cada palavra, colocando-as em prática como foi o caso do
Apóstolo Paulo.
Ele
conhecia a palavra ‘servo’ nos originais em suas diversas faces e a usou para
mostrar quem é o servo.
- ‘doûlos’ “Paulo,
doûlos de Jesus Cristo...”. Aqui
o termo pode ser traduzido por ‘servo’ ou ‘escravo sem vontade própria’. Era
aquela pessoa que tomava a decisão de ser um escravo por um desejo pessoal e
intransferível. Na história de Israel havia um ano chamado ‘Ano do Jubileu’, a
cada 49 anos, onde todos os escravos recebiam Carta de Alforria, permitindo que
aquele escravo saísse livre e a partir de então não ficasse mais sujeito a
nenhum senhor. Mas havia alguns escravos que não queriam ir embora, porque
talvez tivesse nascido escravo e não saberia como viver em liberdade; talvez
porque não tivesse para onde ir; talvez porque gostasse da casa onde vivia; o
certo é que não queriam ir embora, então ele ia até seu senhor e falava sobre
sua decisão e porque não queria ir embora, tornando-se assim um escravo por
decisão própria. Seu senhor pegava uma sovela e ia até o batente da porta e
furava a orelha daquele escravo, colocava a seguir um pedaço de pau em sua
orelha. A partir de então todos saberiam que aquele escravo o era por vontade
própria. Paulo assim se designou a si mesmo.
- ‘diákonos’.
Esse outro termo pode ser traduzido por ‘servo’, ‘diácono’ ou ‘o serviçal’. É também
um termo que tinha ligação direta com o ‘servo’, o ‘trabalhador’, ‘serviçal’;
era aquele servo sempre disponível, ou sempre à disposição do seu senhor, e
quando não necessitasse estar à disposição do seu senhor, saía para fazer
aquilo que não era feito enquanto estava a serviço de seu senhor. Era o servo
que fazia tudo que era para ser feito, fazia os adicionais que nem precisavam
ser feitos, fazia o que seu senhor nem havia pedido, mas ele (o servo) sabia
que aquilo era do agrado de seu senhor, e depois que terminava o dia ainda
cumpria suas responsabilidades pessoais sem prestar relatórios e sem buscar
reconhecimento de ninguém e sem reclamação. Esse servo não fazia para aparecer
ou para efeito de crédito (quando alguém perguntasse, ele apresentava o que
fez), mas fazia de maneira livre e serviçal que é.
- ‘huperétas’.
Pode ser traduzido por ‘servo’, ou ‘remador inferior’. Esse foi outro termo
usado pelo apóstolo Paulo que descreve um outro tipo de servo que existia
também naqueles dias. Havia naqueles tempos pessoas que trabalhavam nos navios
como remadores, e havia nesses navios camadas de remadores. Aquele que ficava
na camada de cima não precisava se esforçar muito; havia aqueles remadores que
ficavam na camada do meio: também não precisavam se esforçar muito e tinham
intervalos maiores de descanso. Mas havia os remadores que ficavam na camada de
baixo, que, geralmente não apareciam, eram os que deveriam trabalhar com mais
afinco no porão do navio; eram os que mais remavam (não podiam parar), num
ambiente abafado e não tinham direito de reclamar. Muitas pessoas são assim:
não aparecem, são os que mais se esforçam, tem os piores lugares e recursos
para desempenharem suas tarefas, mas não param, desistem ou abandonam seu posto.
O
Apóstolo Paulo era “servo” assim!!!
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